segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

eu-peito

Devia ter uns 9 anos de idade quando percebi pela primeira vez que meu peito é uma das regiões mais delicadas do corpo que sou. Estava brincando de gangorra com um pedaço velho de madeira que naturalmente se rompeu no meio do jogo me lançando direto para o chão. Na verdade quase para o chão, pois no meio do caminho tinha um caixote de madeira, que foi golpeado violentamente pela minha caixa torácica. Os segundos que seguiram esta cena foram de uma ordem ainda pouco conhecida na época: da ordem do desespero. Ar faltando, uma dor assutadora, impotência diante da situação. Passei dias com o peito dolorido, com dificulade para respirar. Vivo lembrando desses dias, e é uma lembrança física. Sinto as dores e as sensações daquela ocasião sempre que meu peito fica apertado. E agora não precisa de gangorra, nem de caixote. Meu peito aperta, se fecha e dói por ser minha comissão de frente, minha armadura. Eu-presença, eu-enfrentamento.

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